Estou sentado na esplanada do homem do leme, na foz.
Chove a cântaros.
Observo o mar, verde de raiva.
Levanto o olhar. O céu ajuda, cinzento de fúria.
Não vejo ninguém. Minto. Os empregados de mesa estão ali, a brincar com o vidro da janela, a fazerem corridas com gotas que descem atabalhoadamente pelo vidro pela janela.
Olho para a praia , deserta.
Começo a sentir cada gota que fustiga a minha face… o tempo começa a abrandar… até consigo contá-las… uma… duas…
Estranhamente deixo de sentir as gotas de água a escorrerem pelo rosto e começo a sentir um calor que se espalha rapidamente.
A chuva dá lugar a um sol radioso, quente, luminoso, de final de tarde. Na praia ouço o som de crianças que correm umas atrás das outras, numa brincadeira sem objectivo definido, sem regras.
O areal parece plantado por girassóis multicolores não ordenados. Deitados nas respectivas toalhas consigo distinguir um grupo de amigos que já não via há muito tempo.
Olho para a minha esquerda, procuro o paredão que abriga a praia do molhe mas não vejo nada.
Fico preso ao andar leve de um vulto simples, esguio mas cativante. Não é a forma que me chama a atenção mas a familiaridade… paraliso. Não podes ser tu… isto não me pode estar a acontecer novamente… eu já te esqueci… eu já não sei quem és… eu… eu… já não sei quem sou…
Sinto algo na face… frio… algo que me magoa… que me acorda… as gotas de agua.. conto-as outra vez… uma… duas… os empregados continuam ali. Não sei quem ganhou… sorrio.
É aqui que quero estar, é aqui que se sinto bem. Recordo-te… tenho saudades… já não sei bem de quê mas sei que tenho saudades.
Ouço o eléctrico a passar, um zunir ao fundo. É o meu sinal. Levanto-me e corro… corro para a vida…
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