Falo para mim no silêncio da minha voz interior. Falo de ti. Falo de um sol, do meu sol. E faço-o porque não consigo viver sem ti um bater de coração que seja. Não falo em tempo, relativizo-o. Falo de um batimento. Sei-o medir. Está aqui. E quando penso em ti, bate mais forte. Bate por mim, bate por ti, bate pelo sol, o qual neste momento só posso ver através das nuvens. Sei que estás aí, sei que me esperas e a cada suspiro que dou menos uma nuvem te encobre. E na presença da noite que me tenta abraçar no sono, apenas te respiro. A cada doce gole de ar que me alimenta sinto um pouco de ti, um cheiro, o teu cheiro, inconfundível, que me preenche, que me inunda na essência do teu ser. Envolves-me. Arrepio-me. Sinto-te aqui, ao meu lado. Sinto os teus dedos a tocarem os meus, a tecerem uma teia de carinho onde nos abandonamos. Sinto a musica do teu respirar, reconheço o ritmo que antecede o teu adormecer. Gosto de te velar, gosto de te aprender. Gosto de te adormecer. Gosto de não me esquecer de ti. E assim, no meu ultimo pensamento, mesmo antes dos olhos caírem no precipício da noite, sorrio. Porque sei...